A segunda dose da vacinação de HPV começou no último dia 1, em todo o Brasil. Todas as meninas entre 11 e 13 anos devem se vacinar. O objetivo do Ministério da Saúde é a imunização de 80% do público alvo. Em Campo Grande, 62 Unidades Básicas de Saúde receberam doses da vacina e segundo a Secretaria Municipal de Saúde Pública, SESAU, a vacina é destinada a 19.625 meninas.
O Papilomavírus Humano, HPV, é principalmente transmitido pelo ato sexual e tem vários subtipos, os de baixo e alto risco, como explica a médica ginecologista e obstetra Flávia Carlini Tavares, “os de baixo risco são aqueles que predispõem a verrugas genitais, na parte externa, vulva, pele anal ou até vaginal e colo do útero. E os de alto risco são fatores de risco para o câncer de colo de útero, para lesões precursoras do câncer de colo de útero do avançado até o já instalado”.
Segundo a médica Flávia Carlini, o público alvo da campanha são meninas que não iniciaram suas atividades sexuais e ao tomar a vacina, são estimuladas a produzir anticorpos que lhes garantem a imunidade. A médica esclarece que mesmo quem teve relações sexuais, podem também se vacinar. “Se elas não tiveram a oportunidade, pois já tiveram relação sexual, é valido mesmo assim a vacinação. Porque existe uma proteção cruzada contra o vírus, ou seja, a pessoa que já tem o vírus, ainda tem uma proteção com a vacinação e diminui a chance de ela ter uma lesão mais grave, como no colo do útero”.
A campanha é composta por três doses que são fundamentais para a proteção total contra o vírus, nos intervalos após a primeira vacina de seis meses e cinco anos. De acordo com a médica, esse intervalo, adotado pelo Ministério da Saúde, é baseado em um estudo canadense e é diferente do intervalo de tempo recomendado pelo fabricante da vacina. “O que o fabricante recomenda é o intervalo de zero, sendo a primeira dose, dois e seis meses”.
O vírus é responsável pela lesão do colo de útero, da qual poderá originar o terceiro câncer que mais mata mulheres do Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, INCA, entre 2008 e 2012. Flávia Tavares esclarece que a evolução da doença é lenta, “não é de um ano para o outro.” A médica atribui esses dados ao diagnostico tardio. “As mulheres que tem o HPV de alto risco, são geralmente as que não têm a disciplina de prevenção. O que pode evoluir para a lesão de alto grau, que é o câncer de colo de útero”.
A realização periódica do exame preventivo é a melhor forma para detectar e tratar lesões precocemente. “A rotina correta de acompanhamento, é fazer o preventivo uma vez por ano. Se ele der alterado, fazemos um exame adicional chamado colposcopia. E após, faz uma biópsia da área que está lesionada”.
O tratamento para mulheres que possuem o HPV depende da gravidade da lesão. “Quando a paciente tem uma ferida no colo do útero, essa ferida a gente pode estratificar em leve, moderada e grave.”
Segundo a ginecologista e obstetra os efeitos colaterais mais comuns reportados após vacinação são dor no local na injeção, dor de cabeça, enjoo e fadiga. Para meninas com idade abaixo de 11 e acima de 13 anos, o preço da vacina em clínicas particulares varia entre 270 a 400 reais a dose.
A encarregada financeira, Renata Andrade, mãe de Carolina Andrade, de 17 anos e Laura Andrade, de 14 anos, lamenta o grupo foco da Campanha não abranger uma grande faixa etária e destaca a importância da imunização. “Eu acho que poderia aumentar a idade de vacinação de 13 anos para até 19 ou 20. Acho muito importante se vacinar porque quando eu era adolescente não havia esta vacina e hoje muitas mulheres estão com o vírus. Se aumentar a faixa etária da campanha, vou levar a Laura e Carol pra vacinar.”