O Comitê Memória, Verdade e Justiça de Mato Grosso do Sul em parceria com artistas e integrantes de movimentos em defesa a democracia de Campo Grande realizaram um ato de repúdio às comemorações do golpe militar de 1964 no dia 1º de abril. A manifestação foi organizada após o presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, convidar as Forças Armadas e a população a realizar as “devidas comemorações” referentes a 31 de março, data que marca o golpe de estado, que deu início ao regime militar no país, e foi retirado das datas comemorativas das Forças Armadas desde 2011, pela presidente Dilma Rousseff.
Cerca de 120 pessoas participaram do protesto que aconteceu em frente ao Ministério Público Federal. Segundo o representante do Coletivo Terra Vermelha, Jorge de Barros o ato é contra a ditadura militar e o assassinato de 8.300 indígenas na época. Barros afirma que a população tem que se manifestar a respeito da democracia e da liberdade de expressão.
Membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça do Mato Grosso do Sul, Mário Fonseca comenta que foi entregue uma nota à Ordem dos Advogados do Brasil – MS (OAB) e divulgada no evento nas redes sociais, em repúdio ao decreto do presidente. Segundo Fonseca, esse tipo de atitude é uma apologia ao crime. “Presidente eleito pelo voto popular, que jurou defender a Constituição, que logo no primeiro artigo afirma que a República Federativa do Brasil é um estado democrático de direito, causa repúdio que incite a comemoração de um golpe que rompeu a ordem democrática”. Ainda de acordo com Fonseca, há um inquérito no Ministério Público Federal período da ditadura no Brasil.
Segundo o participante do Coletivo Terra Vermelha e vítima do período ditatorial no Brasil, Breno Moroni a ditadura matou familiares próximos. Segundo ele, durante a Guerrilha do Araguaia perdeu a irmã, Jana Moroni, que estava gravida, e o cunhado, Nelson Phyaui. "Isso deixa uma marca muito grande na história da família. Todos nós aqui temos pessoas que sofreram as penas da ditadura. Então nós estamos aqui hoje para falar sobre a justiça e a verdade"