As participantes têm liberdade no processo de criação e podem escolher o tema, a história e o estilo do jogo, sem necessidade de conhecimentos de programação e desenvolvimento de softwares. Os projetos vencedores serão acompanhados por um grupo de desenvolvedores durante cinco dias para a produção. As ganhadoras terão a oportunidade de conhecer a sede do Google em São Paulo, e receberão acesso a 140 horas de cursos voltados aos fundamentos da programação para desenvolvimento de jogos. O projeto inclui a participação de meninas transsexuais que tenham o nome social legalizado em cartório. As propostas para o jogo serão avaliadas por uma comissão formada por mulheres de várias áreas, como Administração, Jornalismo, Tecnologia e Design.
A aluna do terceiro ano do Ensino Médio do IFMS, Milena Maciel dos Santos explica que participou da palestra para adquirir confiança para desenvolver o game, e relata que se interessou porque os organizadores e professores ofereceram ajuda no processo de desenvolvimento. “Eu estava muito insegura, porque não sabia se conseguiria. Mas quando sai eu percebi que não estou sozinha, porque falaram que podem dar ajuda. Então não vai ser tão complicado assim”. Milena Maciel quer cursar Biologia e diz que vê o desafio como uma forma de incentivo às mulheres que desejam ingressar em áreas com predominância masculinas. “Aprendi hoje que a gente não consegue fazer muita coisa sozinha, tem que ter alguma ajuda. E que esse desafio é uma grande oportunidade de ter mais conhecimento e ingressar na área que tem poucas mulheres”.
A professora do curso de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Márcia Barbosa relata que a participação das mulheres é pequena principalmente nas Ciências Exatas e diminui em medida ao avanço dos estudos. Ela diz que no Brasil cerca de 30% dos alunos de graduação do curso de Física são mulheres, na pós-graduação são 20% e pesquisadoras são em torno de 4%. “A má notícia é que em todas as áreas esse decréscimo existe. Por exemplo, nas áreas biológicas começa com 60% e termina em até 25%. Tem o decréscimo mas é menos catastrófico do que nas áreas das exatas”. Ela ressalta que os aspectos sociais, como machismo, são uma das causas para esse processo acontecer. “Existe uma questão cultural de que coisas que são muito inteligentes e geram muito dinheiro são para homens”.