Corpo de Bombeiros, Defesa Civil do Município e Prefeitura de Campo Grande passarão a receber em tempo real alerta de quedas de raio a partir de março de 2015. O sensor, desenvolvido por pesquisadores, estudantes e técnicos da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), prevê com antecedência de até 20 minutos, em média, o local da descarga elétrica.
Conforme o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Mato Grosso do Sul é um dos líderes em queda de raios no País. Cerca de 105 pessoas morreram no estado nos últimos 13 anos.
De acordo com o professor e coordenador do Laboratório de Ciências Atmosféricas (LCA) da UFMS, Moacir Lacerda, é preciso mais que apenas contabilizar o número de raios caídos e os prejuízos causados, é preciso prever a descarga. "As pessoas podem correr, recolher seus pertences do local se houver o alerta. É neste sentido que nossa tecnologia é única. Não há no mundo sensor que possa antecipar o local onde o raio cairá, apenas o desenvolvido por nós, aqui na UFMS."
Quatro sensores já estão em funcionamento e foram implantados em pontos distintos na cidade. Eles emitem o sinal para servidor na UFMS que alimenta o site do laboratório. Por enquanto, qualquer pessoa pode acessar o site e visualizar os dados captados. O professor Lacerda explica que a emissão de alertas, no entanto, será possível somente a partir de março quando o novo site será entregue. "Teremos dados mais específicos, fotos das nuvens em tempo real e poderemos enviar os alertas pela internet e aplicativos de celulares para usuários privilegiados como o Corpo de Bombeiros."
O estudante de Física Oniel Duarte diz que participar do projeto é muito gratificante. " É muito bom pra nós poder participar de um projeto que tem implicações praticas na vida das pessoas. É um jeito de retribuir o investimento que é feito em nós."
Tecnologia de ponta
Segundo Lacerda, são nove anos de pesquisa que envolveram diversos grupos e projetos de iniciação científica. "Conseguimos desenvolver um sensor por um valor infinitamente mais baixo que os que existem no mercado, participando de todos as etapas do desenvolvimento."
O sensor é composto de placas de alumínio com capacidade de captar a atividade elétrica em nuvens de tempestade. O equipamento mede a eletricidade por meio de efeitos provocados pelas nuvens no solo. No dispositivo também é instalado um GPS que informa de onde está vindo o sinal. A produção de cada aparelho custa em média R$ 400 enquanto sensores disponíveis no mercado ultrapassam os U$ 5 mil.
O projeto envolve estudantes de Física e Engenharia Elétrica da universidade. Michele Meza, que cursa o terceiro ano de engenharia, diz que participar do projeto é uma chance de aprender na prática o que se estuda na teoria. "Sou nova no projeto, mas pra mim está sendo incrível participar de algo tão grande."