O calendário acadêmico da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), para o ano letivo de 2017, foi aprovado por decisão unânime do Conselho de Graduação (Cograd) na última sexta-feira, 17. No calendário proposto pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), as aulas do primeiro semestre iniciam no dia 17 de abril e encerram em 12 de agosto. O segundo semestre começa dia 21 de agosto e termina dia 23 de dezembro, o que totaliza 203 dias letivos.
O pró-Reitor de Graduação, Ruy Caetano Filho explica que o objetivo de regularizar o calendário dentro do ano civil é diminuir os prejuízos dos alunos. Ele afirma que o calendário atrasado afeta várias situações da vida dos universitários, como estágio, residência, transporte, férias e data de formatura. “Tudo isso com calendário irregular sofre sérios prejuízos”.
O sindicato dos professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Adufms apresentou uma proposta diferente da elaborada pela Prograd. De acordo com a presidente da Adufms, professora Mariulza Guimarães, a sugestão apresentada pelo Sindicato estabeleceu um prazo entre os semestres que possibilitasse aos professores ofertarem disciplinas de período especial e que também proporcionasse ao professor um descanso mínimo entre os semestres. “A proposta que a UFMS apresenta hoje, é uma proposta que não vai permitir esse descanso”.
Caetano explica que a diferença entre o calendário da Prograd e o da Adufms é que na recomendação do Sindicato foram colocadas mais semanas de férias entre os dois semestres, o que resultaria em aulas até janeiro de 2018. “E aí, a gente teria o mesmo problema que a gente vivenciou em janeiro, aquela parada do recesso, depois volta e assiste algumas semanas. Isto tem um prejuízo pedagógico muito grande”. Ele ressalta que os professores também são afetados com o calendário atrasado. “Eles têm a suas férias, o seu descanso de maior período prejudicados”.
Mariulza Guimarães explica que no calendário da Prograd são excluídos feriados prolongados e pontos facultativos, e é prevista uma semana de intervalo entre os semestres. A presidente explica que na semana de intervalo entre os semestres letivos, os professores devem realizar correção de avaliações e lançamentos de notas. “O professor terá então três semestres sem intervalo”. Ela ressalta que o docente pode oferecer disciplinas de período especial de forma modular junto ao semestre regular. “Isto vai levar uma sobrecarga para o professor”.
Caetano afirma que o processo de matrícula pela internet, que também foi aprovado na reunião do Cograd, fará com que os professores e servidores economizem tempo no processo de matrícula. Para ele, isto vai agilizar a única semana de férias que os docentes terão. “A gente consegue compactar um pouco mais os semestres”. Caetano explica que as matrículas podem ser um problema no começo, fato que será resolvido no futuro.“Eu acho que essa primeira iniciativa é fundamental em duas coisas importantes, em dar agilidade no período de matrícula e em chamar o aluno para responsabilidade da condução do seu curso”.
A presidente do Sindicato ressalta que na proposta da Adufms, o segundo semestre de 2017 encerra no final de janeiro de 2018. Segundo ela, o segundo semestre letivo de 2018 acabaria junto ao ano civil. “Nós teríamos a possibilidade de resguardar um período de três semanas para iniciar o primeiro semestre de 2018 e ainda conseguiríamos terminar 2018 em dezembro”. A presidente afirma que com a aprovação do calendário da Prograd, os estudantes podem ser prejudicados. “Quando você não tem uma estrutura que permita, por exemplo, aos estudantes um deslocamento para ir ao encontro das suas famílias. Quando os estudantes não têm esse intervalo para descanso, isto também terá uma sobrecarga”.
Foto: Leopoldo Neto
De acordo com o reitor da UFMS, Marcelo Turine a Adufms apresentou um calendário enquanto outro era elaborado pela Universidade. “Já estava sendo desenvolvido um novo calendário na Universidade, e a Universidade está propondo esse calendário para a comunidade”. Para Turine, a principal preocupação da alteração do calendário letivo é o estudante.
Segundo o coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE), José Elias Rodrigues a proposta do calendário foi elaborada sem diálogo entre a Prograd e os estudantes. “Nós não fomos chamados para participar dessa decisão, não recebemos nenhum e-mail ou telefonema, foi uma decisão apenas da administração da universidade”. Para Rodrigues, o calendário proposto pela Adufms é mais adequado, porque sobrecarrega menos os professores e estudantes.
O pró-Reitor, Ruy Caetano Filho afirma que o DCE está sem organização e representação, e isso dificulta o diálogo entre as Pró-Reitorias e os estudantes. “O DCE não tem indicado os representantes para os diversos colegiados. Existe uma falha de organização do DCE, eles precisam se organizar direito”. Ele afirma que é importante haver diálogo com os estudantes e ressalta que a representação estudantil é importante. “É importante esse tipo de participação, eu não consigo escutar todos os estudantes que existem na UFMS, mas eu posso escutar os representantes”.
O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sista), Marcio Saravi de Lima explica que o calendário letivo aprovado prejudica os servidores que estavam com as férias marcadas, porque foram planejadas de acordo com o ano letivo anterior, e serão remanejadas para os servidores se adequarem ao novo calendário. Marcio Saravi de Lima ressalta que o Sista não foi consultado. “A gente não foi procurado para dar nossa opinião. A nossa posição é que não seria favorável (o novo calendário) por essas mudanças que teriam de ser feitas.”