Livros doados ao Diretório Central da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, DCE/UFMS, que estavam depositados na Sala Dorcelina Folador, espaço anexo ao Diretório, foram queimados no sábado, 18 de outubro. A polícia investiga o caso e não há suspeitos.
Segundo a coordenadora do DCE, acadêmica de Direito Anna Luiza Brites, nessa noite o Diretório estava vazio, “um artista que deixou suas coisas na sala estava usando o espaço como alojamento. Cerca de 23 horas voltou junto com um dos membros do DCE, quando chegaram encontraram a sala pegando fogo. Enquanto o artista tentava apagar o fogo o membro do Diretório chamou os bombeiros e a polícia”. Câmeras de segurança da Universidade foram usadas para a investigação e mostram três pessoas próximas ao DCE. Segundo Anna Luiza Brites o incêndio foi descoberto no início.
Os livros queimados foram doações do professor do curso de Ciências Sociais, Dr. David Victor-Emmanuel Tauro. Segundo ele, motivado para “compartilhar o conhecimento com os alunos”, livros de ciências humanas, sociais e filosofia. A queima dos livros para ele representa “a vontade de cercear a liberdade de conhecer” e tem relação “direta com formas de totalitarismo do século passado”.
Para Anna Luiza Brites, o foco do incêndio foram os livros e o que representam, “naquele dia o DCE estava aberto, poderiam ter sido a sala do Diretório, computador ou os documentos, mas foram os livros incendiados”.
Em nota a gestão “Não vou me adaptar” do DCE relata a posição da entidade e descreve o espaço que continha “frases como: machismo mata, homo é lindo, entre outras, podiam ser lidas como forma de protesto, resistência e liberdade de expressão. Simbolicamente, estas paredes estão em cinzas, como a realidade de quem sofre todos os dias por causa da exploração e opressão.” Afirma que o fato abalou a todos, "mas não nos fará parar, não nos calará, e, acima de tudo, não nos adaptaremos a esta realidade cruel e absurda. Só se conforma, quem já está adaptado, e, como disse a professora de economia Rosa Luxemburgo: 'quem não se movimenta, não sente as amarras que o prende'".