CIDADANIA

Estudante realiza protesto após ser barrada em evento na UFMS

Estudante do curso de Pedagogia foi vítima de injúria racial por parte de servidoras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) ao restringirem a entrada da acadêmica em evento no campus universitário

Felipe Arguelho, Helder Carvalho e Henrry Oden 7/10/2023 - 10h30
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Estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi barrada em evento que ocorreu no campus universitário de Campo Grande, na última quinta-feira. Servidoras da Universidade impediram a estudante de permancecer no prédio da Agência de Educação Digital e a Distância (Agead). A estudante havia se inscrito no Encontro Internacional da Rede Zona de Integração Centro-Oeste Sul-Americana (Zicosur).

A estudante se manifestou contra a injúria racial cometida durante o intervalo do evento, realizado na UFMS. Acadêmicos dos cursos Letras, Pedagogia, Jornalismo, Ciencias Sociais, Historia e integrantes do Movimento pela Universidade Popular (Mup) participaram do protesto de repúdio ao caso. Os estudantes organizaram uma plenária aberta na Concha Acústica da Universidade, na qual discutiram a injúria racial praticada contra a estudante.

A acadêmica e cotista racial, Cleide de Oliveira Salles Porto está matriculada no segundo semestre do curso de Pedagogia na UFMS. A estudante relata que "quatro mulheres se apresentaram como representantes da Reitoria da Universidade, e me constrangeram quando tentei acessar o espaço do coffee break do evento e falaram para eu me retirar". Cleide Salles, inscrita para participar do evento Zicosur, destaca que “me puxaram pelo braço pra eu sair de lá e me disseram que aquele não era o meu lugar por eu ser cotista”. Segundo a estudante, a reitoria da UFMS está ciente do ocorrido. “Veio um representante da reitoria, um responsável pelos assuntos estudantis, falar pessoalmente comigo e disse que está junto de mim na causa e que vai averiguar. Mas a gente sabe que isso é apenas um discurso”.

Cleide de Oliveira afirma que conversou com o reitor da UFMS, Marcelo Turine que se posicionou solidário. “Falei com o Turine, ele falou que está comigo também nesta causa e que está aberto para conversar e que ele vai também tomar as providências. Só que, infelizmente, a gente sabe que é discurso. O que ele quer é que o caso seja abafado de alguma forma. Um conflito como esse acontece porque eu estava ocupando um lugar que acham que não é nosso, mas é”.

O aluno do curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFMS, Paulo Rosa afirma que a instituição deve apurar administrativamente a atitude das servidoras que praticaram ato de injúria racial contra a estudante. “A maneira correta de lidar com isso é fazer a apuração, fazer a abertura de uma sindicância para processar essas servidoras, porque existem questões de conduta que precisam ser levadas a sério. E esse caso de racismo, que é um crime, tem que ser levado a sério pela instituição e pelos servidores do campus como um todo”.

Rosa afirma que a Universidade foi contra à manifestação realizada na sexta-feira. “A Universidade barrou a entrada de pessoas e estudantes na entrada do bloco do evento, por conta da nossa manifestação, como se isso fosse abafar o crime que aconteceu. E esse caso de racismo, infelizmente, não é um caso isolado”.

Local do evento em que estudante cotista foi barradaAgead, local no qual estudante foi barrada - Foto: Helder Carvalho

A acadêmica do curso de Letras, Vitória de Albuquerque esteve presente na manifestação. A estudante afirma que a Universidade deve zelar pelo direito de igualdade de todo o corpo discente da instituição. “A gente nunca acha que isso vai acontecer, mas a verdade é que o racismo está em todo lugar e é preciso que a gente lute pelos nossos direitos. E é importante ressaltar que estamos aqui de forma pacífica”.

A acadêmica do curso de Pedagogia, Emily Zanuncio afirma que o episódio de injúria racial de servidoras da instituição contra uma estudante diverge do modelo de inclusão que a Universidade promove.“É uma hipocrisia a universidade tratar assim uma aluna, sendo que mês passado aqui dentro do campus ocorreram palestras sobre diversidade e inclusão. Não importa se ela passou por cota ou não, ela tem direito de pertencer a este lugar”.

Estudantes participam de manifestação contra injúria racialEstudantes participam de manifestação contra injúria racial - Foto: Helder Carvalho
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