Estudante do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi barrada em evento que ocorreu no campus universitário de Campo Grande, na última quinta-feira. Servidoras da Universidade impediram a estudante de permancecer no prédio da Agência de Educação Digital e a Distância (Agead). A estudante havia se inscrito no Encontro Internacional da Rede Zona de Integração Centro-Oeste Sul-Americana (Zicosur).
A estudante se manifestou contra a injúria racial cometida durante o intervalo do evento, realizado na UFMS. Acadêmicos dos cursos Letras, Pedagogia, Jornalismo, Ciencias Sociais, Historia e integrantes do Movimento pela Universidade Popular (Mup) participaram do protesto de repúdio ao caso. Os estudantes organizaram uma plenária aberta na Concha Acústica da Universidade, na qual discutiram a injúria racial praticada contra a estudante.
A acadêmica e cotista racial, Cleide de Oliveira Salles Porto está matriculada no segundo semestre do curso de Pedagogia na UFMS. A estudante relata que "quatro mulheres se apresentaram como representantes da Reitoria da Universidade, e me constrangeram quando tentei acessar o espaço do coffee break do evento e falaram para eu me retirar". Cleide Salles, inscrita para participar do evento Zicosur, destaca que “me puxaram pelo braço pra eu sair de lá e me disseram que aquele não era o meu lugar por eu ser cotista”. Segundo a estudante, a reitoria da UFMS está ciente do ocorrido. “Veio um representante da reitoria, um responsável pelos assuntos estudantis, falar pessoalmente comigo e disse que está junto de mim na causa e que vai averiguar. Mas a gente sabe que isso é apenas um discurso”.
Cleide de Oliveira afirma que conversou com o reitor da UFMS, Marcelo Turine que se posicionou solidário. “Falei com o Turine, ele falou que está comigo também nesta causa e que está aberto para conversar e que ele vai também tomar as providências. Só que, infelizmente, a gente sabe que é discurso. O que ele quer é que o caso seja abafado de alguma forma. Um conflito como esse acontece porque eu estava ocupando um lugar que acham que não é nosso, mas é”.
O aluno do curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UFMS, Paulo Rosa afirma que a instituição deve apurar administrativamente a atitude das servidoras que praticaram ato de injúria racial contra a estudante. “A maneira correta de lidar com isso é fazer a apuração, fazer a abertura de uma sindicância para processar essas servidoras, porque existem questões de conduta que precisam ser levadas a sério. E esse caso de racismo, que é um crime, tem que ser levado a sério pela instituição e pelos servidores do campus como um todo”.
Rosa afirma que a Universidade foi contra à manifestação realizada na sexta-feira. “A Universidade barrou a entrada de pessoas e estudantes na entrada do bloco do evento, por conta da nossa manifestação, como se isso fosse abafar o crime que aconteceu. E esse caso de racismo, infelizmente, não é um caso isolado”.
A acadêmica do curso de Letras, Vitória de Albuquerque esteve presente na manifestação. A estudante afirma que a Universidade deve zelar pelo direito de igualdade de todo o corpo discente da instituição. “A gente nunca acha que isso vai acontecer, mas a verdade é que o racismo está em todo lugar e é preciso que a gente lute pelos nossos direitos. E é importante ressaltar que estamos aqui de forma pacífica”.