EDUCAÇÃO

Greve dos técnicos da UFMS continua após dois meses e meio

Sem acordo com o governo, a greve dos servidores da UFMS não tem previsão para término e acadêmicos continuam sem acesso à biblioteca

Adrielle Santana e Caroline Cardoso 4/06/2014 - 15h41
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Os servidores técnicos administrativos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) paralisaram suas atividades para reivindicar melhorias da categoria, como o cumprimento integral do acordo da greve de 2012, jornada de trabalho de 30 horas semanais sem redução salarial, construção de creches no campus, anulação da lei da reforma da previdência de 2003, entre outros.  

O Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul, SISTA-MS, órgão que representa os servidores da UFMS, é filiado à Central Única dos Trabalhadores, CUT e à Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil, a FASUBRA. As paralisações acontecem em todo o país com 38 sindicatos em greve, dos 43 ligados à FASUBRA.

O coordenador geral do SISTA-MS, Lucivaldo Alves dos Santos destacou que a paralisação se justifica. “A nossa greve não é uma greve para prejudicar. Porque para nós, a universidade tem que ser de ensino público, gratuito e principalmente de qualidade. Vários laboratórios da UFMS não estão funcionando, vários cursos estão sem professores e a estrutura é precária. Eu queria que essa universidade funcionasse de forma que tivesse toda a estrutura suficiente, essa é a nossa luta”.

Na UFMS, a suspensão das atividades foi deliberada no dia 17 de março deste ano e entre os vários setores da Universidade, a interrupção no funcionamento da biblioteca, de acordo com os acadêmicos, foi a que mais prejudicou as aulas e as pesquisas. O acadêmico do sétimo semestre do curso de Ciências Biológicas, Fábio Fonseca destaca que “reconhecer a luta de um sindicato é relevante. Não diria que eu sou contra, mas a gente perde muito. Não temos um conhecimento aprofundado de como ela está se desenvolvendo”. Em alguns casos o acesso aos livros é via internet, mas essa alternativa não é muito eficaz. “Nem tudo que está na biblioteca conseguimos encontrar pela internet, seja legal ou ilegal, através de download”.

O acadêmico de Análise de Sistemas,Thiago Imperial, relata que a divulgação da greve. "Em momento algum você vê eles disponibilizando algo informando sobre o movimento.  Simplesmente, 'estamos em greve'. É o único cartaz que a gente vê na universidade". Para ele, "a greve não vai levar a lugar nenhum, e os estudantes só vão ser prejudicados novamente". 

O servidor Wilkens Frantz,  que trabalha na Biblioteca Central, esclarece que seu setor tem carência de funcionários. Ele também é acadêmico do curso de Construção de Edifícios e ressalva que foi prejudicado com a ausência de livros, mas observa que o fechamento da biblioteca é necessário, pois é uma forma de chamar atenção para o movimento. “O nosso corpo de funcionários é muito pequeno. A gente tem muito trabalho e isso sobrecarrega. Eu, pessoalmente, faço trabalho de três funcionários. Então no fim das contas, é o único lugar que faz os alunos reconhecerem a greve”.

A acadêmica do 7º semestre de Jornalismo da Universidade, Carla Scarpellini diz que enfrenta dificuldades no acesso ao material de estudo. “Eu tinha o planejamento de começar a parte teórica do meu trabalho de conclusão de curso agora no primeiro semestre desse ano, e eu consegui andar muito pouco com a pesquisa porque a maior parte do material está na biblioteca. É um material que eu não consigo achar na internet, porque o tema que eu escolhi é um tema muito específico”.

De acordo com o Sindicato não há previsão para o fim da greve dos servidores, que depende dos acordos com o governo. Para Santos, a paralisação é um conflito momentâneo que tem efeitos em longo prazo. “Nós esperamos que amanhã ou depois, as coisas se resolvam. E se eu não fizer isso, a precarização continua. Se a gente não der um basta nisso, uma tentativa de mudar, esse conflito vai existir sempre”.

A assessoria de imprensa da UFMS informou que as negociações são feitas diretamente com o Ministério da Educação e que a Universidade não tem envolvimento com os acordos da greve. 

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