Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e outras oito universidades, participam do projeto “Evolução e Dispersão de Espécies Antárticas Bipolares de Briófitas e Liquens”, aprovado pelo Programa Antártico Brasileiro. As expedições duram de dezembro a fevereiro. Na última expedição, que terminou este ano, 500 amostras de liquens foram trazidas. Os pesquisadores da UFMS descobriram três espécies novas de liquens.
Os pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul focam seu estudo nos liquens e os da Universidade de Brasília nas briófitas. Liquens são uma associação entre algas e fungos. Os pesquisadores verificam o nome das espécies conforme seu comportamento e distribuição geográfica. Assim descobriram as espécies novas. Eles analisam principalmente as espécies que existem no pólo Ártico e Antártico com um mesmo padrão, as chamadas bipolares.
Segundo o professor de Botânica da UnB e coordenador do projeto, Paulo Câmara “se esperava que houvesse injeção de dinheiro a cada três anos, isso não aconteceu. Nem sabemos se vamos para a Antártica no final do ano porque acabou o dinheiro, basicamente. A parte de pesquisa, que é bancada pelo MCTI e o CNPq e a parte logística, do Ministério da Defesa, especialmente da Marinha do Brasil, todas estão com problema de orçamento”. O último recurso para orçamento foi em 2013. O professor de Botânica da UFMS, Adriano Spielmann afirma que “ouvimos falar que vai abrir um novo edital. Nós nem recebemos todo o recurso que deveríamos ter recebido. Tem material que já está catalogado no herbário e tudo, mas não foi sequenciado, não foi para a análise genética porque não chegou recurso. Como não abriu novos editais, o Governo prorrogou os projetos existentes para continuar mesmo sem receber suporte financeiro e o prazo final dessa prestação de contas é, se não me engano, abril de 2019”.
Todos os países que pesquisam na Antártica fazem parte do Tratado da Antártida. Os países membros realizam uma reunião por ano. Paulo Câmara comparece às reuniões como consultor científico dos diplomatas dos países membros para assuntos científicos e técnicos. O biólogo Marcos Kitaura desenvolve seu projeto de pós-doutorado na Antártica e afirma que é importante fazer pesquisas na Antártica, pois todos os países membros do Tratado, no futuro, decidirão o que fazer com ela.
Spielmann ressalta que falta valorização do trabalho do cientista.“Quando você pergunta para uma criança o que ela quer ser, poucos dizem cientista. O cientista dedica muitas vezes um tempo esforço muito grande e o retorno financeiro é muito menor do que o de um ator, juiz, por exemplo”. Para Câmara, falta também cientistas na política.
Segundo Spielmann, as vagas da expedição são para "estudantes da UFMS ou outras universidades que estudem liquens ou briófitas como trabalho de conclusão de curso, tese de mestrado ou doutorado, etc. e sejam estagiários voluntários de algum dos professores do Projeto". As vagas diminuem a cada expedição devido ao orçamento.