Lacerda explica que o projeto inicial não obteve investimentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e que os recursos provém de uma parceria com o Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que permitiu desenvolver os primeiros sensores. Lacerda afirma que existem cinco aparelhos espalhados por Campo Grande, distribuídos de acordo com uma lista de critérios. “Se existir segurança, possibilidade de se conectar à internet e uma área livre para não haver interferência de objetos próximos, o sensor pode ser instalado”.
Sistema é desenvolvido no LCA (Foto: João Fusquine)
O geofísico afirma que veio para Mato Grosso do Sul estudar o tema motivado pela alta incidência de raios no estado e pela inexistência destes estudos na região. O trabalho é desenvolvido desde 2009 e os sensores são produzidos no próprio Laboratório de Ciências Atmosféricas (LCA), localizado no complexo de salas do estádio Morenão. Segundo Lacerda, indústrias e empresas demonstraram interesse em fabricar o sistema.
O projeto atua em parceria com a Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís, um dos cinco locais que possuem o sensor, localizada no bairro Coophatrabalho. Uma oficina extracurricular de meteorologia foi criada com a participação de um ex-acadêmico, na qual os alunos do ensino médio podem conhecer a montagem, o funcionamento e a leitura dos dados emitidos pelo aparelho.
O estudante do curso de Engenharia Elétrica, Felipe Zeferino, 22, é um dos bolsistas do projeto e participou das apresentações promovidas na escola. “Na hora que você fala que está fazendo o sensor, uma coisa muito teórica eles não vão muito, mas quando você mostra o que o sensor faz, mostra o gráfico, o site e tudo por trás disso, eles se interessam mais”.
Prejuízos comuns
A alta incidência de raios na região faz com que acidentes físicos e materiais sejam frequentes. A empresária Leilane Jacques, 29, teve uma televisão queimada e afirma que vizinhos também perderam eletrodomésticos após a queda de um raio próximo ao condomínio onde mora.
Moacir Lacerda explica que outro objetivo do projeto é ajudar essas pessoas por meio dos alertas e afirma que é possível criar um sistema eficaz contra os raios com protetores de surtos. "A empresa de energia deve se responsabilizar pelos danos. Talvez a conta que eles façam seja a seguinte: é mais fácil reembolsar as pessoas do que colocar uma proteção. Fazer uma proteção é caro, mas é possível”.
Em situações como essa, é direito do consumidor exigir o ressarcimento do produto danificado em até 90 dias. Caso o problema não seja resolvido, a Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) deve ser contatada.