O grupo de pesquisa “Sustentabilidade no Ambiente Construído”, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), pretende implantar uma alternativa na construção de casas nas áreas rurais, o que viabilizaria a situação constatada no censo demográfico de 2010. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 29 milhões de pessoas ainda residem no campo. Mesmo com o constante êxodo, o número é significante, pois na época representava 15,6% da população total, estimada em mais de 190 milhões de brasileiros.
Segundo o grupo, as habitações no campo ainda seguem os modelos urbanos, feitos com cimento e tijolos. Isto resulta em alguns problemas na obra, como a adaptação para o local e o transporte dos materiais, geralmente trazidos por caminhões, o que aumenta o tempo e custo na produção.
Após essa constatação, foi desenvolvido um protótipo de casa rural na própria UFMS. O resultado é a integração entre as diferentes pesquisas dos mestrandos do projeto. Para construir a habitação foi utilizada a taipa de pilão, uma técnica rudimentar de erguer paredes e muros herdada das culturas orientais. O método consiste na compressão de terra e cascalho em uma forma de madeira ou metálica, conhecida como taipa. Em seguida, pelo uso de pilões, o material é socado e disposto em camadas. Ao final, surge uma estrutura simples, mas resistente e durável.
Uma das participantes do grupo, a arquiteta e urbanista Ana Carolina Everaldo, falou sobre a inspiração do modelo. “Além da taipa, nos concentramos principalmente no modo de produção popular, tanto em materiais quanto em planejamento”. Ela explicou que a criação dessa casa é apenas uma parte do projeto. “O verdadeiro objetivo é mudar as políticas públicas e, partindo do protótipo, criar habitações sociais rurais. Queremos mostrar que é possível construir uma casa sustentável, barata, com padrão de qualidade e, ao mesmo, com o projeto arquitetônico adequado ao meio rural”.
Aliado à expectativa de potencializar a causa, o projeto de extensão também propõe a capacitação de moradores dos assentamentos rurais de Mato Grosso do Sul para a construção civil, utilizando as taipas de pilão como principal técnica. Isto garantirá o menor gasto operacional possível para a comunidade. Os participantes serão capazes de criar esse tipo de empreendimento obedecendo os padrões vigentes e as normas de segurança. Ana Carolina, porém, disse que “nesta primeira etapa, esse treinamento será com construtores, pedreiros e demais profissionais da área”.
De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o impacto da produção dessas casas nos assentamentos pelo país ultrapassaria 800 mil unidades. Só em Mato Grosso do Sul, o número seria de 31 mil.
O curso de capacitação para produção de paredes de taipa de pilão tem previsão para o mês de junho ou até os grupos serem formados. Mais informações pelo telefone 3345-7815.
Abaixo, confira o vídeo da casa-piloto que detalha seu processo de construção na UFMS, idealizada pelo grupo de pesquisa “Sustentabilidade no Ambiente Construído” com a orientação da professora doutora Andrea Naguissa Yuba: