CAMPANHA

Alimentos desperdiçados no RU/UFMS seriam suficientes para atender 1038 pessoas

Campanha realizada pelo Restaurante Universitário da UFMS objetiva evitar o desperdicio e conscientizar consumidores

João Fusquine, Larissa Moreti e Larissa Vizoni21/08/2016 - 21h42
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O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) realizou uma campanha de conscientização contra o desperdício de comida nos dias 3 e 4 de agosto. Na semana em que ocorreu a ação, a equipe do RU contabilizou um desperdício de 35 gramas por pessoa, o que representa 327 quilos de alimento em cinco dias da semana anterior. Diariamente, cerca de 2.000 pessoas almoçam no restaurante. Segundo a pesquisa realizada pelos idealizadores da campanha, a quantidade de comida desperdiçada seria suficiente para alimentar 1.038 pessoas.

O estudante do curso técnico de Nutrição e Dietética do Instituto Paulo Freire, Uisler Oliveira Santos, foi o criador da iniciativa. Santos fazia estágio no RU e precisava elaborar um projeto prático quando teve a ideia de realizar o controle da quantidade de comida que restava no prato dos consumidores, a partir do resto-ingesta, índice que relaciona o que é devolvido com a quantidade de alimentos oferecidos. “Eu conversei com a moça que recebia as bandejas e percebi que às vezes havia uma alimentação que era deixada no prato. Aí eu questionei ela e a nutricionista [do restaurante] sobre fazer uma pesagem do que estava sobrando e passar essa informação para os universitários, para ver se a gente conseguia conscientizar eles quanto ao desperdício”.

Segundo Santos, o resto-ingesta é determinado a partir da separação e pesagem de todo o alimento devolvido no prato, sem contabilizar os itens não comestíveis como ossos e cascas. De acordo com a metodologia utilizada para a campanha, o valor aceitável de resto-ingesta para restaurantes no meio acadêmico, as chamadas Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), é de 10%. O controle realizado revelou que o índice do Restaurante Universitário atualmente é de 20%.

A acadêmica do curso de Nutrição da UFMS, Julia Walker, também faz estágio no RU e auxiliou na promoção da campanha. A ação aconteceu em dois dias e teve como suporte um banner com informações sobre a quantidade de comida desperdiçada, elaborado por Uisler Santos, e uma apresentação oral realizada pela estudante de Nutrição. “Eu entrei com a parte oral, então eu mostrava o banner e fazia essa apresentação para os universitários que estavam na fila do almoço, e eles mesmos começavam a ver se interessavam. É uma coisa que deu para perceber que tocou as pessoas, eu acho que foi uma ideia muito bem pensada”.

O banner mostra informações sobre a quantidade de comida desperdiçada no RU (Foto: Larissa Vizoni)


Além da campanha sobre o desperdício, a estudante aproveitou a oportunidade para promover uma conscientização sobre hábitos alimentares saudáveis. Dois pratos com as quantidades ideais de alimentos, determinadas com base no Guia Alimentar para a População Brasileira, foram montados e apresentados aos estudantes enquanto eles estavam na fila do RU. “Eu quis mostrar para as pessoas que há uma montagem saudável dos pratos recomendada pelas entidades brasileiras, e essa montagem saudável delimita que 50% do prato seja servido de legumes e verduras”.



 

Camisetas e marca-páginas com as informações da campanha foram confeccionados para auxiliar na divulgação. A administração do RU também ofereceu uma caixa de chocolates para quem devolvesse o prato limpo, como forma de incentivo. Uisler Santos destaca a importância e a efetividade da ação. "Isso incentiva a pessoa, não só fazer para ganhar, mas fazer por consciência de que está desperdiçando".

A nutricionista do Restaurante, Caroline Monserrate, afirma que a quantidade de comida servida é determinada de acordo com os alimentos do cardápio. “A gente faz um cálculo per capita de quantas gramas a gente coloca para cada tipo de alimento - tem o arroz, o feijão, tem a carne… A gente calcula e faz, aos poucos, cada alimento da produção”. Em média, 600 quilos de comida são servidos diariamente.

Caroline Monserrate também relata que a experiência de deixar os acadêmicos servirem as próprias porções de arroz, feijão e carne foi aplicada durante um tempo e não obteve um resultado positivo. “A gente viu que a fila demorava bastante e que sobrava a mesma quantidade de alimentos de antes”. Atualmente, os estudantes podem servir apenas o buffet de saladas, os outros alimentos são servidos pela equipe do RU.

Segundo a nutricionista, o fato do Restaurante ter um preço fixo pela refeição, não permite que o desperdício seja cobrado. Como medida para minimizar o problema, outra pesquisa realizada foi a de aceitabilidade do cardápio.

O estudante do curso de Engenharia Civil, Arthur Fragoso, acredita que campanha atingiu o objetivo de conscientizar o público. “Achei sensacional. Realmente me fez pensar e desperdiçar o mínimo possível. A conta da comida desperdiçada no cartaz em uma semana parece surreal. Mas acho que, nesse caso [de evitar o desperdício], entra a consciência de cada um para saber o quanto você aguenta comer e não exagerar”.

Para a acadêmica de Letras, Andrezza Diniz, o desperdício acontece pela falta de bom senso dos consumidores, que servem mais do que realmente irão comer. “O preço que a gente paga pelo prato é barato, em outro lugar não iríamos encontrar por esse valor. Até o buffet de saladas, que é algo que a gente serve, é desperdiçado. Os funcionários servem de acordo com aquilo que a gente pede. Se você não vai comer, então não peça”.

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