A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) foi alvo de ataques cibernéticos na última semana do mês de setembro. Páginas de internet da instituição e plataformas de estudos virtuais foram temporariamente desativados. Os estudantes tiveram aulas comprometidas por falta de acesso ao ambiente virtual das atividades acadêmicas e pela ausência da conexão de internet nos campis da Universidade.
O ataque cibernético aconteceu na madrugada de 24 de setembro, e os sistemas computacionais, assim como serviços digitais, foram desativados como medida de segurança contra o vazamento de dados. A invasão aos sistemas comprometeu o acesso à internet em todo os campis e provocou instabilidade nos cronogramas de eventos da instituição. O problema foi supervisionado por meio de protocolos de segurança e pelo gabinete de crise.
A professora e especialista em Criptografia, Ana Karina Dourado Salina de Oliveira afirma que os ataques cibernéticos geralmente ocorrem por "brechas de segurança no sistema, ou seja, quando uma pessoa acessa um arquivo com vírus ou baixa um arquivo malicioso". Ana Karina Oliveira afirma que a principal consequência de um ataque é a exposição de dados privados, que podem ser da organização ou dos clientes que possuem algum tipo de vinculo com a empresa vitimada. "No caso da UFMS, pode expor os dados dos alunos e servidores. Mas existe a perda financeira também, onde a organização precisa pagar por segurança e parar todo um sistema". Segundo Ana Karina Oliveira, existem diversas formas do usuário se proteger e a principal delas é "manter a atenção nos detalhes das páginas acessadas".
Informações publicadas na página de internet da UFMS, orgãos como o Centro Integrado de Segurança Cibernética do Governo Federal, a Polícia Federal e Procuradoria Jurídica foram acionados para apurar o crime cibernético. Segundo a diretora da Agência de Comunicação Social e Científica (Agecom) da UFMS, Rose Pinheiro as páginas de internet da instituição e o sistema operacional ficaram indisponíveis como medida provisória. “Agetic retirou do ar todos os sistemas computacionais e serviços digitais para mitigação de riscos e manter a segurança digital”.
O aluno do curso de Engenharia de Software da Faculdade de Computação (Facom), Jefferson Felizardo Junior acredita que o bloqueio das páginas institucionais vinculados a UFMS seja uma maneira preventiva de evitar acessos indevidos aos dados pessoais dos alunos e servidores da Universidade. Felizardo relata que a ausência de Internet dificultou o desempenho de suas itividades acadêmicas. “Basicamente se tornou impossível realizar qualquer atividade durante essa semana. Atualmente já temos mais consequências surgindo, visto que haverão provas essa semana e elas exigem o funcionamento tanto da internet quanto dos computadores da Facom”.
Primeira Notícia · Estudante Jefferson, fala sobre a semana sem acesso a internet na cidade universitária
A Portaria Nº 1.325-RTR/UFMS, publicada no dia quatro de outubro, estabeleceu as medidas provisórias para garantir que os serviços digitais e o sistema operacional da Universidade mantivessem as atividades acadêmicas em funcionamento. Informações publicadas na página de Internet da Instituição, a Agência de Tecnologia da Informação e Comunicação (Agetic) avaliou que a situação cibernética da Universidade cumpriu com os protocolos de segurança do Plano de Continuidade de Negócios da UFMS. “Todas as medidas legais e cabíveis foram adotadas imediatamente e todas as informações sobre o impacto da ação criminosa no âmbito da UFMS foram enviadas para apuração das autoridades competentes”.
Informações publicadas na página de Internet do Fortinet, o Brasil apresentou aumento de 950% de ocorrência de ataques cibernéticos registrados em 2021, em comparação ao número registrado no ano anterior. O país ocupa o segundo lugar no ranking de países com a maior ocorrência de ataques cibernéticos da América Latina e Caribe. O relatório divulgado pela empresa, no primeiro semestre de 2023 indica que foram 23 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos registradas no Brasil.
Segundo o advogado especialista em direito digital, Raphael Rios Chaia a forma mais comum de invasão de sistemas ocorre a partir da exploração de vulnerabilidades criadas pelo próprios usuários. “O ponto mais fraco hoje, que permite a abertura de pontos de vulnerabilidade, ainda é o usuário. Muitas vezes ele acessa um link ou uma página que não deveria, faz um download indevido, etc”. Chaia afirma que as principais ocorrências dos ataques são motivações financeiras.