ENDIVIDAMENTO

Cartão de crédito é o principal forma de dívida das famílias campo-grandenses

Pesquisa demonstra que 57,5% das famílias possuem mais da metade da renda comprometida

Jean Celso, Jhayne Lima e Leticia Marquine11/06/2019 - 15h29
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Campo Grande possui 53,9% das famílias residentes endividadas, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada em abril deste ano pela Federação Comércio do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio MS). O levantamento mostra que 27,4% dos endividados estão com contas em atraso e 10,6% se encontram sem condições de pagar a dívida. O número teve queda, pelo terceiro mês consecutivo e, se encontra 0,7% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

De acordo com a pesquisa, 57,5% das famílias campo-grandenses possuem mais da metade da renda comprometida com dívidas de cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês de loja, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros e destas, 50,7% estão em atraso.

A economista da Fecomércio MS, Daniela Dias explica que a pesquisa foi realizada com 500 famílias da capital e foi desenvolvida devido as consequências econômicas e sociais do endividamento das famílias. “A partir de 2014, as pessoas começaram a alterar um pouco seu comportamento. Esse comportamento se alterou no sentido de que em alguns instantes as pessoas estavam mais cautelosas em questão ao emprego e em outros instantes a gente também tinha essa questão da reeducação financeira”.

A economista afirma que o recomendável é utilizar até 30% do orçamento com financiamentos de casa e carro e parcelamentos de contas, e que existem famílias que comprometem mais de 50% do orçamento. “Se as pessoas não tiverem equilíbrio, podem ficar inadimplentes e com contas em atraso devido esse comprometimento da renda”.

Segundo o gerente do Serasa Consumidor, Guilherme Casagrande hoje no Brasil, 63 milhões de pessoas estão endividadas e destes, 83% possuem dívidas no cartão de crédito. Na pesquisa realizada em Campo Grande, o cartão de crédito é o principal responsável pelo endividamento, como o causador das dívidas de 68% das famílias. Para Daniela Dias, isso se deve à praticidade e facilidade em se usar o cartão. “Ultimamente as pessoas têm preferido pagar no cartão de crédito ou débito do que em dinheiro. É uma mudança de comportamento que consequentemente traz uma taxa significativa de endividamento”.

De acordo com a pesquisa nacional de Bem-Estar Financeiro realizada pela Confederação de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 55% dos brasileiros estão pouco atentos ao futuro e, que somente 10% está preparado para lidar com imprevisto.

Segundo a educadora e planejadora financeira pessoal, Andreia Saragoça os brasileiros negligenciam essa capacitação em educação financeira, que é importante para evitar essas dívidas. “As pessoas precisam saber exatamente para onde elas querem ir, terem os objetivos definidos e fazerem escolha. Não simplesmente sair comprando porque todo mundo está fazendo”.

Andreia Saragoça explica sobre a importancia da educação financeira
(Foto: Carlos Augusto Sá)

A educadora explica que o poder de compra das pessoas é importante para o ciclo da economia e, por essa razão, é necessário investir na educação financeira. “Quando as pessoas estão endividadas, não conseguem comprar. Se você tem uma economia que está parada por conta de endividamento isso é prejudicial”. 

Para minimizar os impactos do endividamento na economia e na vida das pessoas, Andreia Saragoça explica que as instituições buscam levar a educação financeira para a população em geral e, o primeiro passo das famílias é conhecer seus hábitos de consumo. 

De acordo com o gerente do Serasa Consumidor, Guilherme Casagrande a negociação das dívidas é um passo importante para sair do endividamento. O Serasa Itinerante é uma iniciativa nacional que leva acesso a informações, serviços financeiros e renegociação de dívidas. “A gente tem um plataforma que se chama Limpa Nome e, através do Limpa Nome o consumidor pode escolher se ele quer fazer o acordo ou não da dívida, com custos que podem chegar até 90% de desconto ou até mais”.

Foco na educação

Segundo o Mapa da Educação Financeira no Brasil, Mato Grosso do Sul apresenta 208 iniciativas de educação financeira e 48 Escolas Itinerantes que trabalham com esse tema em sala de aula. De acordo com Casagrande essas ações são realizadas em parceria com as escolas e professores.

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